Ela era linda... vermelhinha com bolinhas pretas nas asinhas...
Todos que a viam se encantavam, ninguém tinha coragem de lhe fazer mal, mesmo
que ela comesse algumas folhinhas das plantas. Afinal, ela precisava
sobreviver.
Creio que os amiguinhos sabem sobre quem estou me referindo.
Sim, acertaram, é uma joaninha mesmo!! E é sobre ela que vou relatar. Algo
diferente aconteceu com essa nossa personagem. Vermelhinha era o seu nome.
Assim a chamavam as crianças que a conheciam.
Vermelhinha, após passar alguns dias nos quintais de algumas
casas, resolveu permanecer num lindo jardim do bairro. As flores eram tão
perfumadas e coloridas... a grama muito macia... Existiam inúmeras borboletas
ali... além dos passarinhos saltitantes e felizes, das crianças alegres e
brincalhonas... Tinha também uma fonte de água limpinha, que à noite ficava
toda colorida, devido a iluminação. Vermelhinha sentiu-se bem naquele local.
“Pensou”, de acordo com sua simples maneira de inseto:
-Aqui é o lugar ideal para mim, viverei bem nesse jardim durante
muito tempo.
Realmente, voando daqui, voando dali, passou vários dias na mais
completa felicidade, sem nenhum problema. Encontrava tudo o que necessitava
para viver bem. Voava sobre as flores, sobre as folhas, sobre a graminha e
várias vezes pousava nos cabelos da petizada que ali brincava. Com cuidado, as
crianças tiravam a Vermelhinha dos cabelos e deixavam que ela andasse em suas
mãozinhas.
Paula e Lia, eram as meninas que mais iam ao local, só para
brincar com Vermelhinha. Chegavam já chamando:
-Vermelhinha, Vermelhinha! Onde você se encontra? Perguntava Lia
em alta voz.
-Apareça, Vermelhinha, estamos à sua espera! Em que lugar se
escondeu? Dizia Paula.
Elas iam ao local com uma lupa, para localizarem a joaninha mais
facilmente. Quando a achavam, era aquela festa! Quem a encontrava primeiro,
gritava empolgada:
-Achei, achei!
E então, punham-se a brincar com Vermelhinha. A vida, naquele
recanto, era ideal, havia uma saudável união entre os guris, os bichinhos e as
plantas. Nada de destruição, malvadezas por ali não existiam. Todavia, apesar
de toda essa harmonia, ocorreu algo que deixou Vermelhinha em perigo.
Lá, existia uma aranha gorda e gulosa, que morava numa teia
feita com capricho por ela mesmo. Quantos mosquitos e borboletinhas já haviam
caído em sua teia e servido de almoço para ela! A joaninha nunca havia voado lá
por perto. Até que um dia, buscando os cantinhos daquele jardim que ainda não
conhecia, acabou enroscada na teia da aranha comilona. Felizmente, a dona da
“casa” não estava tão próxima.
Vermelhinha, profundamente assustada, começou a se debater, mas,
apesar de todo esforço, mais e mais se enroscou. Percebeu que não conseguiria
sair de lá sozinha. Necessitava de ajuda. Joaninha não fala, todavia,
Vermelhinha clamava à sua maneira:
-Tirem-me daqui, depressa, por favor!
Ela desconhecia o fato que corria risco de vida, jamais havia
visto uma teia de aranha, não sabia que logo a dona da habitação viria ali e a
almoçaria. A aranha já havia enxergado a sua presa enroscada, porém, não se
preocupou em voltar depressa à teia, porque ainda não sentia tanta fome.
Enquanto isso, passou um homem e viu a joaninha se debatendo...
Nada fez para ajudá-la. Achou até engraçado. Prosseguiu, insensível ao
desespero da pobrezinha. Mais uns minutos e apontou uma senhora e sua filha. Ao
ver a joaninha, a mulher também não se condoeu. Sua filha, mostrando sentir
pena, pediu:
-Mamãe, veja o bichinho na teia de aranha... Vamos tirá-lo de
lá!
A mulher, puxou a menina pela mão, dizendo:
-Vamos, vamos, estou com pressa!
Até que, chegaram no jardim Lia e Paula, com a lupa, à procura
de Vermelhinha. Não a encontraram. Já estavam cansadas de procurar e haviam
quase desistido, quando Paula falou:
-Vamos procurar mais um pouco? Afinal, estamos com tempo...
tenho um pressentimento que Vermelhinha está precisando de nós.
Enquanto elas prosseguiam em busca do bichinho, vamos voltar à
teia?
Lá estava a pobrezinha, esgotada, nem se debatia mais. Em dado
momento, a aranha começou a aproximar-se da sua casa. Já sentia fome. Quando
Vermelhinha percebeu a aranha muito perto, desesperou-se novamente. Nunca havia
visto aquele ser...
-Que assustador!! Pensou.
Percebeu as intenções da aranha e debateu-se novamente. Tentava
escapar.
Até que... aproximaram-se finalmente, Paula e Lia. Viram
Vermelhinha tentando se soltar da teia, empregando um esforço enorme. Lia, com
um pauzinho, impediu a aranha de dar o bote na joaninha. Paula, com cuidado,
tirou a joaninha da teia. Só que teve que destruir a casa da aranha para salvar
a amiguinha. Bem, isso era o de menos... com certeza, a gorduchinha faria outra
teia sem dificuldade.
As meninas levaram vermelhinha para a casa de Paula e
alojaram-na no quintal, que possuía várias plantinhas. A joaninha viveu segura
ali. Paula e Lia se sentiram felizes em salvar a amiguinha.
Crianças, o ser humano só ganha em fazer o bem. Às vezes, somos
chamados a praticar boas ações e não devemos nos negar a realizar o que é
benéfico. Paula e Lia, sempre foram assim, protetoras dos seres indefesos. Na
escola, não se importavam que caçoassem delas. Eram bondosas e assumiam essa
qualidade perante todos.
O planeta Terra necessita de pessoas como elas, que carregam
amor no coração. Só é feliz quem tem benevolência. Afinal... endereçar o
bem a um pequeno ser, é dever também. Amar o mundo que nos cerca, cuidar dele,
é isso que devemos praticar e é isso que Lia e Paula fazem até hoje. Atualmente
elas são velhinhas. Mas não esqueceram da Vermelhinha. Contam ainda a história
da joaninha aos seus netinhos.
E vocês, amiguinhos, gostaram dessa história?
Fiquem então atentos, pois, vocês também serão convidados a
fazer o bem. No dia em que todos aceitarem o convite, nosso mundo será muito
melhor.
Maria Nilceia