Pimpolho era um coelho fofinho. Ele andava infeliz, porque não se contentava em comer só cenouras e capim. Queria experimentar outro tipo de alimento. Num belo dia de Sol, começou a observar os outros animaizinhos: viu um gatinho comendo um passarinho e um bem-te-vi comendo um grilo. Então pensou:
-Vou mudar minha alimentação. Experimentarei também comer bichinhos.
E saiu à procura de comida diferente. Andou... andou... De repente, viu um passarinho pegando insetos e voando alegre para o seu ninho. Aproveitou quando ele estava no chão e perguntou:
-O que você está
fazendo?
A avezinha respondeu:
-Estou alimentando meu filhotinho que está com fome.
Pimpolho, que havia pensado em comer o passarinho, ficou com muita pena e pensou:
-Coitadinha dessa mamãe, ela está tratando do filhinho. Não tenho coragem de matá-la. Procurarei outro bichinho. Já sei! Acharei uma borboleta!
Prosseguiu seu caminho e sem muita demora encontrou uma borboleta maravilhosa voando entre as flores. Era tão colorida! Parecia tão feliz... Pimpolho ficou encantado com a borboleta. Começou a brincar com ela. Corria atrás dela e ela voava de flor em flor. Acabaram ficando cansados. Após descansarem, Pimpolho perguntou para a borboleta:
Ei, você não tem medo que eu a mate?
-Não tenho medo não. Você é um coelho bonzinho. Por que haveria de me matar se fiquei sua amiga e estou brincando com você? Sei que é um coelho de boa índole, não teria coragem de me fazer mal algum. Meu coração me diz que você valoriza a amizade.
-É verdade, tem razão. Eu não mataria e nem comeria uma borboleta tão linda e tão amiga. Vou embora sem lhe fazer mal algum. Adeus, amiguinha! Amanhã voltarei para brincarmos novamente.
Pimpolho começou a perceber que não conseguiria nem matar e nem comer nenhum bichinho. Sentia tanto amor dentro de si! Disse para si mesmo:
-Desisto da ideia de mudar minha alimentação. Eu não mataria nem mesmo uma mosca. Não sou gato, nem passarinho. Sou um coelho e meu alimento é cenoura e capim. Pensando bem, esses alimentos são nutritivos. É por isso que sou bonito e sadio. Por falar em alimento, estou com uma fome!
Então, pôs-se a andar. Chegou na horta do quintal de D. Quitéria. Viu um coelhinho se regalando comendo uma cenoura e percebeu que havia também uma grande moita de capim que parecia ser muito apetitosa. Perguntou ao coelhinho:
-Você mora aqui, amigo?
-Moro sim... minha dona se chama Quitéria.
-Será que posso ficar morando com você?
-Claro! D. Quitéria gosta de animais. Ela se sentirá contente em tê-lo por aqui.
Pimpolho respondeu, todo animado:
-Que bom, meu amigo! Estou com muita fome...
-Então, almoce comigo e se considere meu irmão.
Pimpolho, feliz da vida, atirou-se sobre o capim. Comeu e achou o capim o mais gostoso que tinha provado até agora. E ainda aguentou uma cenoura... Intimamente, Pimpolho agradeceu a Deus por ser coelho e por existir capim tão gostoso para comer e cenouras tão apetitosas.
Saltitando alegre, falou:
-Aprendi a valorizar o que o Criador me ofertou. Como sou venturoso!
Nisso, chegou D. Quitéria, que o viu tão logo pisou na horta. A princípio, Pimpolho teve medo; mas, assim que a boa senhora o pegou no colo e começou a coçar sua cabeça, o coelhinho perdeu o temor. Pimpolho se sentiu bem no colo de sua nova mãe. Ela lhe disse algo, entretanto, ele não compreendeu. Mas, nós, podemos entender as palavras da D. Quitéria:
-Que bom você ter aparecido! Será muito bem tratado aqui em minha casa.
E todos foram felizes para sempre! Para nós, essa história do Pimpolho vale muito. Mostra-nos que não é bom ficarmos desejando ser como os outros. Temos as nossas características e é preciso valorizá-las. Somos donos de qualidades a serem aprimoradas. Somente assim seremos verdadeiramente ditosos.
Maria Nilceia
