Tatiana é filha do casal Marinete e Teobaldo.
O papai Teobaldo e
a mamãe Marinete fizeram muita economia para conseguir montar um quarto bonito para
Tatiana, quando ela nasceu. Tudo lindo! Vários brinquedos... Mas, conforme
Tatiana foi aprendendo a andar e crescendo, foi ficando muito bagunceira.
Marinete limpava, limpava, deixava o quarto cheirosinho, mas... coitada! Daí a
pouco, tudo desarrumado...
A menina vivia
escutando de sua mãe:
-Tatiana, não deixe
o prato no chão. E esse copo? O lugar é na cozinha. Por favor, coloque seus
brinquedos na caixa. Filha, toda criança deve cuidar bem de seu quarto e de
seus pertences. Não é fácil juntar dinheiro para comprar móveis, roupas,
brinquedos. Se não cuidarmos tudo acaba estragando.
Ela respondia:
-Ah, mãe, sou muito
nova para trabalhar!
-Mas filha, não
estou pedindo para você trabalhar. Quero apenas que cuide do que é seu. Ontem
largou até restos de comida no chão.
Juntou tanta formiga... Como é feio ser relaxada! Aliás, você me contou
que sua professora ensinou que as crianças descuidadas só têm a perder com
isso.
-Mãe, pare de
implicar... Deixe-me viver em paz, arrume alguém para ajudar!
-Filha, você sabe
que não temos condições.... E depois, mesmo as empregadas, não têm obrigação de
pegar restos no chão.
E prosseguia
dizendo:
-Qualquer dia você
vai passar vergonha.
Sem nunca conseguir
convencer a filha, pacienciosamente punha-se a limpar o quarto de Tatiana.
O tempo passou e
Tatiana já estava com sete anos. Marinete decidiu arrumar um emprego, o
dinheiro que o marido ganhava era pouco. Conseguiu empregar-se como secretária
de um advogado.
A vovó Lindaura
vinha todos os dias tomar conta de Tatiana. Como já era velhinha, não tinha
condições de colocar a casa em ordem. Marinete, coitada, trabalhando o dia
todo, não podia mais se dedicar tanto à limpeza. Cansada, passou a fazer a
faxina somente aos sábados. O quarto de sua filha, durante a semana, ficava
horrível.
Certa ocasião, Tatiana contraiu uma gripe e teve que faltar três
dias da escola. Sua professora, Doroti, preocupada, resolveu ir à casa da
menina ver o que estava ocorrendo. Afinal, não era longe.
Ao apertar a
campainha, D. Lindaura veio atendê-la. Com gentileza, a boa velhinha disse:
-Boa tarde. O que
deseja?
-Sou Doroti,
professora da Tatiana. Vim saber porque ela está faltando da escola.
-Ela pegou uma
gripe. Mas já está quase boa. Quer entrar para vê-la?
-Quero sim. Fiquei
preocupada.
-Entre. Ela está no
quarto. Vamos até lá.
Quando Doroti
entrou no quarto de sua aluna, até assustou, tamanha era a desordem. Nada
estava no lugar. Todavia, nada disse. Com afeto beijou Tatiana e perguntou como
ela estava.
Tatiana, vermelha
de vergonha, respondeu que tinha melhorado e que no dia seguinte iria à escola.
Como se não bastasse, aconteceu o pior.
Doroti não reparou
numa casca de banana perto da porta do quarto e na hora de ir embora, levou um
tremendo dum escorregão. Não conseguiu se equilibrar e... o tombo foi feio.
A menina, pedindo muita desculpa, ajudou a professora levantar.
Doroti, disse que
não tinha sido nada. Tatiana, entretanto, percebeu que ela havia machucado o cotovelo,
ao batê-lo com força no criado-mudo próximo à porta. Viu que a professora não
conseguiu segurar as lágrimas devido à dor.
D. Lindaura, ao
acompanhá-la até o portão, desculpou-se com a mestra.
Após a saída de
Doroti, quem chorou a valer, foi a menina; chorou de vergonha pelo seu relaxo.
Até esqueceu que
estava saindo de uma gripe. Rapidamente, colocou tudo no lugar e limpou o chão,
propondo para si mesma deixar as coisas no lugar daquele dia em diante.
E assim realmente
fez. Hoje, após brincar, estudar e comer, Tatiana arruma direitinho seu quarto.
Só que... nunca
mais esqueceu o tombo da professora. E sempre que lembra disso fica muito
chateada. É... ouvir a mamãe sempre é bom...
Maria Nilceia