quarta-feira, 1 de julho de 2020

Como Está Seu Quarto?



        Tatiana é filha do casal Marinete e Teobaldo.
        O papai Teobaldo e a mamãe Marinete fizeram muita economia para conseguir montar um quarto bonito para Tatiana, quando ela nasceu. Tudo lindo! Vários brinquedos... Mas, conforme Tatiana foi aprendendo a andar e crescendo, foi ficando muito bagunceira. Marinete limpava, limpava, deixava o quarto cheirosinho, mas... coitada! Daí a pouco, tudo desarrumado...
        A menina vivia escutando de sua mãe:
        -Tatiana, não deixe o prato no chão. E esse copo? O lugar é na cozinha. Por favor, coloque seus brinquedos na caixa. Filha, toda criança deve cuidar bem de seu quarto e de seus pertences. Não é fácil juntar dinheiro para comprar móveis, roupas, brinquedos. Se não cuidarmos tudo acaba estragando.
        Ela respondia:
        -Ah, mãe, sou muito nova para trabalhar!
        -Mas filha, não estou pedindo para você trabalhar. Quero apenas que cuide do que é seu. Ontem largou até restos de comida no chão.  Juntou tanta formiga... Como é feio ser relaxada! Aliás, você me contou que sua professora ensinou que as crianças descuidadas só têm a perder com isso.
        -Mãe, pare de implicar... Deixe-me viver em paz, arrume alguém para ajudar!
        -Filha, você sabe que não temos condições.... E depois, mesmo as empregadas, não têm obrigação de pegar restos no chão.
        E prosseguia dizendo:
        -Qualquer dia você vai passar vergonha.
        Sem nunca conseguir convencer a filha, pacienciosamente punha-se a limpar o quarto de Tatiana.
        O tempo passou e Tatiana já estava com sete anos. Marinete decidiu arrumar um emprego, o dinheiro que o marido ganhava era pouco. Conseguiu empregar-se como secretária de um advogado.
        A vovó Lindaura vinha todos os dias tomar conta de Tatiana. Como já era velhinha, não tinha condições de colocar a casa em ordem. Marinete, coitada, trabalhando o dia todo, não podia mais se dedicar tanto à limpeza. Cansada, passou a fazer a faxina somente aos sábados. O quarto de sua filha, durante a semana, ficava horrível.
        Certa ocasião, Tatiana contraiu uma gripe e teve que faltar três dias da escola. Sua professora, Doroti, preocupada, resolveu ir à casa da menina ver o que estava ocorrendo. Afinal, não era longe.
        Ao apertar a campainha, D. Lindaura veio atendê-la. Com gentileza, a boa velhinha disse:
        -Boa tarde. O que deseja?
        -Sou Doroti, professora da Tatiana. Vim saber porque ela está faltando da escola.
        -Ela pegou uma gripe. Mas já está quase boa. Quer entrar para vê-la?
        -Quero sim. Fiquei preocupada.
        -Entre. Ela está no quarto. Vamos até lá.
        Quando Doroti entrou no quarto de sua aluna, até assustou, tamanha era a desordem. Nada estava no lugar. Todavia, nada disse. Com afeto beijou Tatiana e perguntou como ela estava.
        Tatiana, vermelha de vergonha, respondeu que tinha melhorado e que no dia seguinte iria à escola. Como se não bastasse, aconteceu o pior.
        Doroti não reparou numa casca de banana perto da porta do quarto e na hora de ir embora, levou um tremendo dum escorregão. Não conseguiu se equilibrar e... o tombo foi feio.
        A menina, pedindo muita desculpa, ajudou a professora levantar.
        Doroti, disse que não tinha sido nada. Tatiana, entretanto, percebeu que ela havia machucado o cotovelo, ao batê-lo com força no criado-mudo próximo à porta. Viu que a professora não conseguiu segurar as lágrimas devido à dor.
        D. Lindaura, ao acompanhá-la até o portão, desculpou-se com a mestra.
        Após a saída de Doroti, quem chorou a valer, foi a menina; chorou de vergonha pelo seu relaxo.
        Até esqueceu que estava saindo de uma gripe. Rapidamente, colocou tudo no lugar e limpou o chão, propondo para si mesma deixar as coisas no lugar daquele dia em diante.
        E assim realmente fez. Hoje, após brincar, estudar e comer, Tatiana arruma direitinho seu quarto.
        Só que... nunca mais esqueceu o tombo da professora. E sempre que lembra disso fica muito chateada. É... ouvir a mamãe sempre é bom...

        Maria Nilceia


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