Isaurinha chegou em casa preocupada e foi logo dizendo à sua mãe:
-Mamãe, a professora disse que devemos ser como a água limpa. Pediu para comentarmos isso em casa e trocar ideias com as mães e com os pais, porque amanhã faremos um debate na classe sobre isso.
-Hummmmmm... disse D. Sonia, vamos pensar bem, filha, para que você não fale nada errado amanhã... é bom saber a opinião de seu pai também.
Impacientes, elas esperaram Alberto chegar, tomar banho e durante o jantar foi Isaurinha quem lhe disse:
-Papai, a professora disse que devemos ser como a água limpa. O que quer dizer isso?
-Pense um pouco, filha... respondeu Alberto.
A menina pensou, pensou e respondeu:
-Não sei, pai. Passei a tarde toda tentando descobrir... está difícil.
O Sr. Alberto perguntou então:
-A professora não deu nenhuma pista?
-Não, pai. Será que ela quer dizer que é pra gente tomar banho?
-Não, filha, não é não. Você não desconfia o que a professora quer dizer, Sonia?
-Não desconfio não. Sou ruim de pensamento - respondeu Sonia. Mas acho que ela quer dizer que é para sermos bons.
De repente, Isaurinha, falou alto, toda animada:
-Já sei pai! Tive uma boa ideia! Vou à casa do nosso vizinho, o Sr. Otávio, pai da Francisquinha. Ela me disse que ele é como filósofo, sabe tudo sobre a vida.
-Boa ideia mesmo, filha! Respondeu o Sr. Alberto. Vá sim.
E, terminando o jantar, ela foi à procura do vizinho.
Foi ele mesmo quem veio atendê-la.
-Olá, querida, o que deseja? Perguntou gentilmente.
-Olá, Sr. Otávio. Não desejo atrapalhar. Só quero lhe fazer uma pergunta.
Fazendo com que Isaurinha entrasse, Otávio respondeu:
-Pergunte o que quiser. Se eu souber, responderei com prazer.
Isaurinha, assim falou:
-Sabe o que é, Sr. Otávio, a minha professora disse que devemos ser como a água limpa. Amanhã ela perguntará para nós o que isso quer dizer... eu, papai e mamãe estamos em dúvida... resolvi então perguntar ao senhor.
-Vejamos... - começou Otávio. Água limpa é transparente, sem terra.
-Uai... - interrompeu a menina. Devemos ser transparentes?!
Otávio sorriu.
-Não querida, não quis dizer isso. Trata-se do seguinte: nossa maneira de ser tem que ser limpa como a água pura. Temos que ser sinceros e bons, responsáveis e honestos com todas as pessoas. Se somos assim, somos como a água pura. A água pura só faz bem.
-Hummmmmm... acho que estou entendendo - disse a menina. Nada de mentir, de fazer malvadezas, nada de ser mal educada, preguiçosa... não deixar tarefa sem fazer... é isso?
-Acertou em cheio, Isaurinha. Você é inteligente- respondeu o bom homem.
E prosseguiu:
-Não importa se somos brancos, negros, altos, baixos, gordos, magros, ricos ou pobres. O que importa de verdade é termos a pureza da água no coração.
-Fácil, fácil! - respondeu a garota, toda entusiasmada. Obrigada, Sr. Otávio, obrigada! O senhor me ajudou muito e possui o coração puro como a água. Já sei o que vou falar amanhã na escola.
Ele sorriu feliz por tê-la ajudado e beijou a fronte de Isaurinha, dizendo-lhe:
-Volte sempre.
-Voltarei sim, amigo - respondeu a menina. Boa noite.
Trocando um aperto de mão, despediram-se.
No dia seguinte, Isaurinha saiu-se tão bem no debate escolar, que, ao chegar em sua casa, apanhou a rosa mais linda do jardim e levou-a com grande alegria ao bom vizinho.
Ele, emocionado, guardou-a com carinho, para sempre.
Dizem que hoje, apesar dele estar morando com Jesus, pois, já partiu desse mundo, seus familiares conservam a rosa que ele tanto amou.
É... nada como ser bom!
Maria Nilceia